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terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O sertanejo trabalhado de Rick & Renner

Em entrevista ao ObaOba, Rick fala do novo projeto "Happy End"

Por: Anderson Nascimento
Rick & Renner
Rick & Renner 
Geraldo Antônio de Carvalho, o Rick da dupla Rick & Renner, é um apaixonado por música. O cara não se limita a gravar apenas canções sertanejas de refrão fácil. Prova disso é o seu mais recente trabalho, Happy End, que tem até um rock em parceria com Frejat, do Barão Vermelho.
O apelido Rick surgiu ainda em Brasilia, nos anos 1980, no início de sua carreira como músico. A fonte de inspiração foi o grupo Menudos, que tinha um Rick (Martin) entre os integrantes. Seu primeiro parceiro aderiu ao codinome "Rei", e logo a dupla Rick & Rei estava formada. Com o término do projeto, Geraldo "Rick" procurou outro músico para fazer a segunda voz.

Surgiu um candidato que o agradou: Evair. Mas Rick & Evair não soava legal. Criar mais um apelido que começasse com "R" foi a solução encontrada: Rick & Renner. Pronto. Perfeito.
Em entrevista ao ObaOba, Rick cutuca a nova geração de cantores sertanejos - "Eu não posso largar o que eu faço para acompanhar modismos" -, fala do novo álbum e até de racismo. Leia:

Fale um pouco da diferença desse trabalho para os anteriores da dupla Rick & Renner...

Eu acho que tem diferença sim. O novo disco que traz uma responsabilidade um pouco maior, por conta de tudo o que está acontecendo hoje no mercado. Todo artista que lança disco fica cercado de expectativas para ver se o trabalho se parece com o que essa nova geração da música sertaneja está fazendo, para entrar nesse universo. Happy End tem uma responsabilidade grande de provar que Rick & Renner é uma dupla com personalidade, que, apesar de toda essa mudança no mercado, a gente mantém nossa identidade, nossa essência, que é a música romântica, o pop. E temos sempre ousadia. Nós gravamos até um rock ao lado de um expoente da nossa música, que é o Frejat.

O Frejat participa da música Happy End, que batiza o disco. E a dupla sempre foi conhecida pela forte identificação com a música sertaneja. Como é pra você gravar um música com um ritmo diferente, com uma pegada rock? O Frejat te deu alguns toques?
O diferencial dessa história toda é justamente o Frejat. Nós sempre gravamos canções com sonoridades diferentes. No disco passado, já haviamos gravado uma canção com uma pegada mais rock. Happy End tem diferencial porque é um rock composto pelo Mauricio Gasperini e cantado pelo Frejat, dois roqueiros autênticos. A canção do disco anterior foi composta por mim. O grande barato foi convidar o Frejat e ele topar. Ele ouviu a música e disse que tinha a cara dele. Quem ganha com essa história toda é público, que, mesmo sendo um consumidor de música sertaneja, acaba tendo contado com o rock. E o roqueiro, fã de Frejat, também ganha, consumindo música sertaneja. Essa parceira foi muito sadia, de muito bom gosto.

O primeiro single do disco é a música Essa Tal Liberdade, do Só Pra Contrariar, de 1994. Por que divulgar o álbum com um cover?
Na verdade eu já queria fazer essa versão faz tempo. Mas minha vontade era fugir da interpretação do Alexandre Pires. Aí surgiu a oportunidade de inclui-la em Happy End. Eu gravei a música com uma pegada mais pop/rock, fugindo do jeito que o Alexandre cantou na época do Só Pra Contrariar, fazendo uma releitura. Só respeitei o arranjo, a obra de uma forma geral. Veio a possibilidade de trabalhar a música, que já era sucesso. Assim seria muito mais fácil das pessoas entenderam que a dupla Rick & Renner estava com um trabalho novo no mercado. O apelo seria muito mais forte.

Você disse que Happy End mantém a mesma pegada que consagrou a dupla, com músicas românticas. Mas como você enxerga essa nova geração de artistas sertanejos, como Fernando & Sorocaba e Luan Santana, por exemplo? Você vê alguam diferença entre o som deles e o de vocês?
O mercado precisa de mudança. As décadas são sempre marcadas por mudanças. E era de se esperar que a música sertaneja trilhasse o mesmo caminho. A única coisa que eu questiono é a qualidade. Tem muita gente fazendo coisa legal, mas também está rolando muita porcaria. Eu prezo muito pela qualidade da música. Mas existe uma galera hoje que só está preocupada em cantar, compor aquela música com refrãozinho fácil pra fazer a galera cantar junto, gravar isso ao vivo, fazer shows, ganhar dinheiro. E eu, particularmente, acho que existem muito mais coisas além disso, sabe? É preciso se preocupar com a carreira, consolidar seu trabalho no mercado, não fazer essa coisa meteórica.

O mercado da música sertaneja é dominado por pessoas de cor branca. E você é o único cantor negro com carreira consolidada. Já foi vítima de racismo alguma vez?
Existe preconceito sim. Seria até hipocrisia da minha parte dizer que não. Eu fui vítima de racismo no início da minha carreira. Claro que o sucesso faz com que as pessoas te vejam de uma outra forma. Mas isso não é uma exclusivdade brasileira. Recententemente vi uma reportagem sobre sonegação de impostos nos Estados Unidos, e as autoridades estavam prendendo até celebridades por lá. Mas o único preso até agora foi um negro: o Wesley Snipes. Mas também sonegaram impostos Arnold Schwarzenegger, Pamela Anderson, Nicolas Cage, e ninguém foi preso. O preconceito existe realmente. A melhor forma de você encarar é assumir sua negritude. Como você vai brigar com uma sociedade como essa? Independentemente da cor da minha pele, eu tenho uma arte. Eu procuro encarar essas situações com naturalidade.

E você ouve música negra? Esses artistas influenciam no resultado final do seu trabalho?
Eu e meu filho escutamos muita música negra, como Boys 2 Men, Brian McKnight. Até o que não tem muito a ver com o nosso gênero, como o rap, por exemplo, a gente escuta. Mas eu costumo dizer que meu universo é a música, independente de rótulos. Eu escuto Bryan Adans, Michael Bolton, Elis Regina...

O público de vocês é conhecido por não ter muito acesso à tecnologia. Muitos especialistas atribuem o grande número de CDs vendidos por duplas sertanejas a esse fator. O que você acha do MP3, do download de músicas?
Existe o lado positivo e o negativo. Agora as pessoas têm acesso mais rápido à música, você tem um universo musical todo na tua mão, dentro da tua casa, esse é o lado positivo. Mas esses downloads acabaram com a indústria fonográfica no Brasil, acabaram com as gravadoras. Ninguém vende mais discos. Ainda não existe um comércio legalizado de música digital no Brasil, esse é lado negativo. Ainda bem que ainda existe o amor pela música, porque dinheiro é difícil. É a famosa faca de dois gumes.

Como está o mercado de música sertaneja no Brasil hoje?
Se você estiver falando de venda de discos, está uma negação. Até porque essa nova safra de cantores sertanejos distribui CDs durante os shows. Tem artista que produz 500 mil discos em um mês e sai distribuindo nas ruas. O que mantém o artista vivo são os shows. É muito complicado sobreviver de música no Brasil sem tocar em rádio e fazer shows.

FONTE OBA OBA

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